terça-feira, 25 de maio de 2010

MINHA RUA, MINHA CASA

Atenção e vontade. É o que basta para deixar a praça ou a calçada mais alegre, mais bonita, mais humana. No final, todo mundo ganha

por Roberta De Lucca


Há 40 anos, quando se mudou com a mulher para o bairro paulistano da Mooca, Aldo D'Angelo achou que faltava vida na sua nova rua. As únicas quatro casas que haviam ali ficavam de frente para um morro poeirento e cheio de mato, uma vista desolada. Não demorou para o engajado Aldo pedir para a prefeitura construir uma praça no lugar da elevação. Junto com os técnicos, desenvolveu o projeto da área verde e, desde que a praça existe, ele é responsável por sua conservação. Há quatro décadas. Dito assim, parece muito tempo e muito trabalho, mas ele tirou bastante proveito da mudança na paisagem.

Para Aldo, e para tantos outros cidadãos que se dedicam a cuidar do entorno de sua casa, é importante ter uma rua tão agradável quanto a própria sala de visitas. Gente como Aldo acredita que conservar a rua é uma contribuição razoável para melhorar a qualidade de vida nas cidades. Eles não se preocupam em saber se, em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, por exemplo, leis municipais os obrigam a cuidar da calçada. Eles simplesmente abrem o portão e agem. "Embora a rua seja pública, o proprietário responde pela conservação da calçada. Quem vê isso com bons olhos tem uma ótima oportunidade de cuidar da sua rua", afirma Regina Monteiro, urbanista e diretora-executiva do Movimento Defenda São Paulo. O que Regina quer dizer é o seguinte: em vez de torcer o nariz, achando que é dever da prefeitura conservar a rua, cada cidadão pode transformar essa obrigação em benefício não só para a sua própria rua, mas para o bairro.

É verdade que as prefeituras têm regras que impedem algumas idéias, mas elas também oferecem soluções, pessoal especializado e até dão uma boa força para quem se interessa em ajudar. Quer ver?

A praça é nossa Em 2001, a Associação de Moradores e Comerciantes da rua Mateus Grou, no bairro paulistano de Pinheiros, reurbanizou a área sob um viaduto que cobre um trecho da rua. Os sem-teto que viviam ali foram transferidos para asilos, o lixo foi retirado e grandes floreiras preencheram o espaço vazio. Um ano depois, a associação conseguiu da prefeitura o direito de explorar um terreno baldio na mesma rua. "O local tinha de tudo: vestiário de construtora, bar clandestino, barraco de posseiro e até ponto de drogas", diz o presidente da associação, Luís Eugênio de Mello Dall'Olio. Hoje, a área de 900 metros quadrados virou uma bela praça. Tem grama, árvores, plantas, bancos, playground e quadras poliesportivas. O espaço foi construído na base do entusiasmo e da perseverança de gente como Luís e de membros da associação, que buscaram na iniciativa privada o dinheiro para a obra. A atmosfera da vizinhança mudou. "Eu tinha vergonha de falar onde morava. Hoje tenho orgulho", afirma Daisy de Paula Tricca, conselheira da associação. Tudo bem, talvez você não tenha disposição para construir uma praça do nada, mas pode adotar uma. Em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, as prefeituras permitem que o cidadão seja responsável pela conservação desse tipo de espaço público. "Empresas ou pessoas físicas podem cuidar de uma praça. Basta entrar com o pedido na prefeitura ou subprefeitura", afirma a urbanista Regina Monteiro, de São Paulo. Aldo, por exemplo, não cuida sozinho de sua praça, quer dizer, da Praça Padre Mário Fontana. Ele faz parte de uma cooperativa, ainda que informal. "A cada dois meses chamamos uma paisagista e ela deixa tudo bem bonito. É o 'dia da noiva' da nossa praça." Os custos são rateados entre os moradores.

Dependendo do estado da praça, a adoção é dispendiosa, mas compensa. "A satisfação pessoal de se envolver num projeto desses não tem preço", diz Cleito Christovam Natali, presidente da Aprace (Associação dos Amigos das Praças da Rua Curitiba e Entorno), também em São Paulo. Em março, começaram as obras de reurbanização de 7 mil metros quadrados de duas praças do bairro paulistano de Vila Mariana, administradas pela Aprace. A reforma vai custar nada menos que 250 mil reais e será paga pelos associados. "Estou com 82 anos e esta cidade me deu muita coisa. Agora retribuo, dando um pouco do que ganhei aos moradores e às futuras gerações", afirma Cleito.

Se cuidar de uma praça é trabalhoso e dispendioso, uma alternativa é doar brinquedos para fazer um playground. Você faz a solicitação junto à prefeitura ou subprefeitura do seu bairro e a autorização sai após a análise do local. Os brinquedos, claro, precisam atender às normas municipais, por uma questão de segurança. Depois de instalados, passam a ser patrimônio público, mas é você quem tem que conservá-los e nunca poderá retirá-los da praça, nem reclamar com alguém que quebrou um brinquedo.

Plante uma idéia Sua rua não tem praça? Tudo bem. Tem muita coisa bacana para fazer. Calçada verde, por exemplo, que é bonita e ainda reduz a impermeabilização do solo da cidade. Outras opções são canteiros junto ao muro, com arbustos, para criar uma cerca viva, um painel verde. Enfeite com flores e plantas de folhagem colorida. Próximo ao meio-fio, plante árvores, mas cuidado. Espécies que crescem muito podem prejudicar a rede elétrica e as que criam raízes profundas podem interferir na rede de água e esgotos - além de estragar o piso da calçada. Então, antes, contate a prefeitura para saber o que plantar e se é permitido plantar (veja dicas de plantas, flores e árvores no quadro da página 59). As casas de muro baixo são perfeitas para as pessoas integrarem sua moradia à calçada. "No jardim, os moradores podem colocar casinhas de passarinho com alpiste ou frutas para atrair aves ou plantar espécies frutíferas. Numa árvore grande, por que não colocar um balanço?", sugere a urbanista Regina Monteiro. Ela ainda completa dando uma bacana dica simples: ao pé de árvores, a terra pode ser preenchida com flores tipo maria-sem-vergonha ou margaridas - uma bela maneira de colorir a rua.

Troque o cinza As cores e formas também podem ser exploradas nos materiais do pavimento. Você pode simplesmente colorir o cimento ou aproveitar o branco da pedra portuguesa e dos tons terrosos dos tijolos para calçamento, por exemplo. Já a sensação de movimento vem da maneira como as pedras são dispostas no chão. Tudo é questão de bom senso e criatividade. Só não pode esquecer que o piso precisa ser antiderrapante, por medida de segurança. Muros de terrenos desocupados podem ser bem aproveitados. Se a proposta for boa, será difícil o dono do terreno se negar a deixar você e seus vizinhos pintarem o muro. Aí as alternativas vão desde o mutirão, em que os moradores pintam o paredão com uma cor básica, ou até mesmo um projeto mais bem bolado. Os moradores podem se cotizar e contratar grafiteiros profissionais ou reunir o pessoal da rua, principalmente as crianças, para criar um mural.

Em São Paulo, a ONG Cidade Escola Aprendiz ficou famosa por criar o Projeto 100 Muros. Com a ajuda de educadores e artistas plásticos, estudantes renovaram 100 muros da cidade, com tinta, pastilhas de vidro e cacos cerâmicos. "Criamos cenários para as pessoas voltarem para a rua. A idéia é que, quando a rua ganha um sentido positivo, a violência diminui. Acho que esse é um dos grandes trunfos do 100 Muros", afirma Celia Pecci, coordenadora do Cidade Escola Aprendiz.

Os frutos do desejo O que há por trás do terreno baldio é outro problema que também tem solução. Incomodado com a sujeira do terreno em frente da sua casa, o administrador de empresas Hans Dieter Temp pediu que o proprietário emprestasse o espaço de 250 metros quadrados para fazer uma horta. Apesar da incredulidade da maior parte dos moradores, Hans conseguiu, com ajuda de adolescentes da própria rua, criar uma horta no Jardim das Laranjeiras, em São Paulo. "Comprei sementes, pedi terra a empresas de terraplenagem, fiz um sistema de irrigação e aí está o resultado. Temos temperos e verduras orgânicas que são vendidas para o pessoal da rua e ainda pagam a manutenção e o salário dos meninos que trabalham na horta", diz Hans, que já fez mais duas hortas no bairro. A iniciativa lhe rendeu até emprego novo. Da Secretaria Municipal de Relações Internacionais, onde trabalhava, foi transferido para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. No novo emprego, ele participa da criação de - adivinha - hortas urbanas. A primeira feita sob sua orientação ocupa 7 mil metros quadrados sob um viaduto. Essas histórias dão pistas para você levar para a porta da sua casa um pouco da beleza e do alto-astral que você cultiva dentro dela. A dica mais valiosa, porém, é ter firmeza no seu desejo. Muitas vezes, é mais fácil pedir ajuda aos vizinhos. Então, toque a campainha e convide as pessoas. Quem já trilhou esse caminho diz que, além de embelezar a rua e humanizar a vizinhança, tal atitude dá uma agradável sensação de estar fazendo algo importante para si e, principalmente, para os outros.

Use a regra a seu favor 1. Toda calçada deve ter uma área de pelo menos 90 centímetros pavimentados para pedestres, carrinhosde bebê e cadeiras de rodas. Já que tem que fazer, por que não botar alguma intenção e deixar bonito? 2. É proibido, por lei, arrancar ou podar árvores sem autorização da prefeitura. Em compensação, em muitos casos a prefeitura faz o serviço para você, basta pedir.

3. Consulte a prefeitura antes de instalar na rua ou na praça qualquer equipamento (como um banco). Lembre-se: ao menos em tese, as restrições servem para garantir o conforto de todos.

4. O poste é patrimônio da companhia de energia elétrica. É proibido pintá-lo sem autorização. Além disso, quem não tem conhecimento técnico pode levar um choque elétrico.

5. Use o bom senso, os conselhos da prefeitura ou de um paisagista na escolha do canteiro para a calçada. Espécies com espinhos ou pontas podem machucar os pedestres, as crianças do vizinho (ou as suas).

6. Converse com seus vizinhos. Quem sabe eles não topam a empreitada e todos usam o mesmo pavimento nas calçadas, dando continuidade visual à rua.

7. Se for adotar uma praça, tenha em mente o público que já freqüenta o espaço e as pessoas que você vai atrair com eventuais modificações.

8. Enquanto a praça está sob sua responsabilidade, você pode ser até multado se não cuidar bem dela. Mas a adoção não é um encargo eterno. Se você não quiser mais cuidar da praça, pode transferir a tarefa para outra pessoa ou devolver a área para a prefeitura.

9. A lista de árvores recomendadas para plantio na calçada dá uma idéia de como há muito a ganhar no espaço público, apesar das restrições. Basta imaginar o que é ter em frente de casa um exemplar de resedá, flamboyantzinho, ipê-amarelo, ipê-roxo, angelim-doce, pitangueira ou faveira



Para saber maisConsultoria e dicas

• Arborização urbana http://educar.sc.usp.br/biologia/prociencias/arboriz.html

• Tipos de pavimentos para calçadas www.amendolaeng.com.br/dicas_calcadas.asp

• Plantio de flores, plantas, árvores e ervas www.jardimdeflores.com.br/

• Ciro Schunemann, grafiteiro com contatos de artistas de todo o país ciroschu@uol.com.br, (11) 9132-3172



Experiências de sucesso

• Cidade Escola Aprendiz www.aprendiz.org.br, (11) 3813-7719

• 100 Muros: Relato de uma Experiência, Editora Projeto Aprendiz

• Movimento Defenda São Paulo, defendasp@uol.com.br, (11) 3044-7172

• Associação dos Amigos das Praças da Rua Curitiba e Entorno, (11) 3884-2138

• Associação dos Moradores e Comerciantes da Rua Matheus Grou, www.amcmg.org.br

Serviços públicos • Adoção de praças e poda de árvores da Prefeitura de Porto Alegre http://servicos.portoalegre.rs.gov.br

• Fundação de Parques e Jardins da Prefeitura do Rio de Janeiro www.rio.rj.gov.br/fpj

• Prefeitura de Vitória (serviço de poda) www.vitoria.es.gov.br/secretarias/meio/poda.htm

• Prefeitura de Curitiba www.curitiba.pr.gov.br

• Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre www.portoalegre.rs.gov.br/smam/

• Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São Paulo http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/meio_ambiente/qualidade_ambiental/0024





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Há 40 anos, quando se mudou com a mulher para o bairro paulistano da Mooca, Aldo D'Angelo achou que faltava vida na sua nova rua. As únicas quatro casas que haviam ali ficavam de frente para um morro poeirento e cheio de mato, uma vista desolada. Não demorou para o engajado Aldo pedir para a prefeitura construir uma praça no lugar da elevação. Junto com os técnicos, desenvolveu o projeto da área verde e, desde que a praça existe, ele é responsável por sua conservação. Há quatro décadas. Dito assim, parece muito tempo e muito trabalho, mas ele tirou bastante proveito da mudança na paisagem.



Para Aldo, e para tantos outros cidadãos que se dedicam a cuidar do entorno de sua casa, é importante ter uma rua tão agradável quanto a própria sala de visitas. Gente como Aldo acredita que conservar a rua é uma contribuição razoável para melhorar a qualidade de vida nas cidades. Eles não se preocupam em saber se, em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, por exemplo, leis municipais os obrigam a cuidar da calçada. Eles simplesmente abrem o portão e agem. "Embora a rua seja pública, o proprietário responde pela conservação da calçada. Quem vê isso com bons olhos tem uma ótima oportunidade de cuidar da sua rua", afirma Regina Monteiro, urbanista e diretora-executiva do Movimento Defenda São Paulo. O que Regina quer dizer é o seguinte: em vez de torcer o nariz, achando que é dever da prefeitura conservar a rua, cada cidadão pode transformar essa obrigação em benefício não só para a sua própria rua, mas para o bairro.



É verdade que as prefeituras têm regras que impedem algumas idéias, mas elas também oferecem soluções, pessoal especializado e até dão uma boa força para quem se interessa em ajudar. Quer ver?



A praça é nossa

Em 2001, a Associação de Moradores e Comerciantes da rua Mateus Grou, no bairro paulistano de Pinheiros, reurbanizou a área sob um viaduto que cobre um trecho da rua. Os sem-teto que viviam ali foram transferidos para asilos, o lixo foi retirado e grandes floreiras preencheram o espaço vazio. Um ano depois, a associação conseguiu da prefeitura o direito de explorar um terreno baldio na mesma rua. "O local tinha de tudo: vestiário de construtora, bar clandestino, barraco de posseiro e até ponto de drogas", diz o presidente da associação, Luís Eugênio de Mello Dall'Olio. Hoje, a área de 900 metros quadrados virou uma bela praça. Tem grama, árvores, plantas, bancos, playground e quadras poliesportivas. O espaço foi construído na base do entusiasmo e da perseverança de gente como Luís e de membros da associação, que buscaram na iniciativa privada o dinheiro para a obra. A atmosfera da vizinhança mudou. "Eu tinha vergonha de falar onde morava. Hoje tenho orgulho", afirma Daisy de Paula Tricca, conselheira da associação.

Tudo bem, talvez você não tenha disposição para construir uma praça do nada, mas pode adotar uma. Em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, as prefeituras permitem que o cidadão seja responsável pela conservação desse tipo de espaço público. "Empresas ou pessoas físicas podem cuidar de uma praça. Basta entrar com o pedido na prefeitura ou subprefeitura", afirma a urbanista Regina Monteiro, de São Paulo. Aldo, por exemplo, não cuida sozinho de sua praça, quer dizer, da Praça Padre Mário Fontana. Ele faz parte de uma cooperativa, ainda que informal. "A cada dois meses chamamos uma paisagista e ela deixa tudo bem bonito. É o 'dia da noiva' da nossa praça." Os custos são rateados entre os moradores.



Dependendo do estado da praça, a adoção é dispendiosa, mas compensa. "A satisfação pessoal de se envolver num projeto desses não tem preço", diz Cleito Christovam Natali, presidente da Aprace (Associação dos Amigos das Praças da Rua Curitiba e Entorno), também em São Paulo. Em março, começaram as obras de reurbanização de 7 mil metros quadrados de duas praças do bairro paulistano de Vila Mariana, administradas pela Aprace. A reforma vai custar nada menos que 250 mil reais e será paga pelos associados. "Estou com 82 anos e esta cidade me deu muita coisa. Agora retribuo, dando um pouco do que ganhei aos moradores e às futuras gerações", afirma Cleito.



Se cuidar de uma praça é trabalhoso e dispendioso, uma alternativa é doar brinquedos para fazer um playground. Você faz a solicitação junto à prefeitura ou subprefeitura do seu bairro e a autorização sai após a análise do local. Os brinquedos, claro, precisam atender às normas municipais, por uma questão de segurança. Depois de instalados, passam a ser patrimônio público, mas é você quem tem que conservá-los e nunca poderá retirá-los da praça, nem reclamar com alguém que quebrou um brinquedo.



Plante uma idéia

Sua rua não tem praça? Tudo bem. Tem muita coisa bacana para fazer. Calçada verde, por exemplo, que é bonita e ainda reduz a impermeabilização do solo da cidade. Outras opções são canteiros junto ao muro, com arbustos, para criar uma cerca viva, um painel verde. Enfeite com flores e plantas de folhagem colorida. Próximo ao meio-fio, plante árvores, mas cuidado. Espécies que crescem muito podem prejudicar a rede elétrica e as que criam raízes profundas podem interferir na rede de água e esgotos - além de estragar o piso da calçada. Então, antes, contate a prefeitura para saber o que plantar e se é permitido plantar (veja dicas de plantas, flores e árvores no quadro da página 59).

As casas de muro baixo são perfeitas para as pessoas integrarem sua moradia à calçada. "No jardim, os moradores podem colocar casinhas de passarinho com alpiste ou frutas para atrair aves ou plantar espécies frutíferas. Numa árvore grande, por que não colocar um balanço?", sugere a urbanista Regina Monteiro. Ela ainda completa dando uma bacana dica simples: ao pé de árvores, a terra pode ser preenchida com flores tipo maria-sem-vergonha ou margaridas - uma bela maneira de colorir a rua.

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