"Representantes da Prefeitura disseram que o Plano Diretor encaminhado à Câmara foi feito com base nos planos setoriais existentes no município."
Bravata da brava. O plano diretor ambiental está engavetado. Esses senhores devem ter promessas a cumprir com as empreiteiras que bancaram a campanha do prefeito e dos seus vereadores partidários.
Bravata da brava. O plano diretor ambiental está engavetado. Esses senhores devem ter promessas a cumprir com as empreiteiras que bancaram a campanha do prefeito e dos seus vereadores partidários.
Rosimeire Silva
rosimeire.silva@jcruzeiro.com.br
Um dia depois do 1º Encontro Aberto das Regiões Leste e
Sudeste para Analisar o Plano Diretor 2014, realizado no auditório da Fundação
Ubaldino do Amaral (FUA), a Prefeitura de Sorocaba rebateu as críticas feitas
por especialistas na área ambiental e biológica sobre o novo plano diretor do
município, em discussão na Câmara Municipal. Durante o evento, os professores
André Cordeiro Alves dos Santos - doutor em Ciências da Engenharia Ambiental e
docente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) campus Sorocaba - e
Álvaro Fernando de Almeida, doutor em Ciências Biológicas pela USP e professor
da USP, avaliaram que a proposta atual do Plano Diretor de Sorocaba deve
agravar ainda mais o problema da falta de água na cidade e a redução da
biodiversidade.
De acordo com o coordenador do grupo que atua nos
trabalhos de revisão e atualização do Plano Diretor de Sorocaba, o arquiteto e
urbanista João Luiz de Souza Arêas, o projeto encaminhado à Câmara foi
desenvolvido com base em todos os planos setoriais que hoje estão em curso
dentro da Prefeitura e do Saae. Ele citou como exemplo os planos de água e
esgoto, de mobilidade, e também o ambiental que foram os balizadores do atual
Plano Diretor que está em curso para discussão na Câmara.
Arêas rebateu a informação de que a expansão da área de
ocupação urbana, com a redução da área rural, possa provocar a diminuição da
capacitação de absorção do solo e o reabastecimento do lençol freático.
"Essa transformação de algumas áreas de rural para urbanas está plenamente
compatível com a questão do desenvolvimento e crescimento da cidade, garantindo
a baixa densidade e, inclusive, a permanência da atividade rural"".
Embora reconheça que essa urbanização traz impacto na
questão do subsolo, o coordenador diz que existem outras formas de fazer a
expansão do abastecimento, como a captação de água de outros mananciais
preservados, além de medidas compensatórias. Ele alegou que a transformação
dessas zonas foi feita em regiões que já eram ocupadas e que precisavam ser
regularizadas.
Água e esgoto
O diretor geral do Saae Sorocaba, Adhemar José Spinelli
Júnior, informou que o plano de água e esgoto a ser trabalhado até 2030 prevê
metas e expansão do sistema de captação, tratamento e abastecimento de água,
projetando uma população de 751 mil habitantes. Entre os projetos a serem
realizados ele citou a interligação entre as Estações de Tratamento de Água já
existentes (Éden e Cerrado) e também com a nova ETA a ser construída no Parque
Vitória Régia, na zona norte da cidade. Spinelli Júnior ponderou, no entanto, que
esse é um planejamento constante. "O Plano Diretor precisa estar aprovado
para dar as diretrizes e a base legal para que o plano de água e esgoto e os
demais planos o acompanhem para que seja feito o planejamento de
investimentos."
Biodiversidade
João Arêas argumentou que o projeto encaminhado ao
Legislativo traz um capítulo inteiro sobre a política ambiental a ser
implantada no município, com todas as orientações e diretrizes para que planos
específicos sejam implementados, como o dos corredores da biodiversidade.
"Esse plano é uma realidade, mas ele não precisa necessariamente estar no
Plano Diretor para ser aprovado. Ele pode ser um plano independente, já que o
próprio Plano Diretor estabelece que sejam dados encaminhamentos neste sentido",
disse.
Na avaliação do coordenador, é muito mais
""inteligente"" trabalhar algumas questões em planos
setoriais, de forma pontual, para que seja montado todo o mosaico do corredor
da biodiversidade. "A ideia de que no Plano Diretor tem que constar todas
as informações, não é o melhor caminho. Algumas situações podem engessar e
tornar dificultosas ações mais pontuais", alegou. Segundo Arêas, as
críticas dos especialistas podem ser sido motivadas pela falta de uma leitura
mais detalhada do Plano Diretor, especialmente no que se refere ao capítulo
sobre a política ambiental.
Falta de discussões
O secretário de Mobilidade, Desenvolvimento Urbano e
Obras de Sorocaba, Antônio Benedito Bueno Silveira, rebateu também as críticas
feitas durante o evento sobre a falta de discussões mais democráticas e
aprofundadas sobre o Plano Diretor antes da sua votação na Câmara. Ele citou
que o Plano Diretor vem sendo discutindo desde 2012, com a realização de mais
de dez audiências públicas promovidas pela Prefeitura, pela Câmara e outras
instituições.
João Arêas informou que cabe agora à Câmara avaliar o
Plano Diretor, fazer os esclarecimentos necessários e escutar a população mais
uma vez. "Se chegarem a um entendimento que alguma coisa deve retroagir, a
Câmara tem total liberdade para isso. A nossa única preocupação é de que essas
emendas se coagulem e estejam de acordo com o planejamento, os conceitos e
princípios básicos do Plano Diretor."
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