Ela deixou de lado conceitos para adotar na prática atitudes que evitaram queda de árvores, poluição e materiais nocivos
Sustentabilidade deixou de ser uma palavra para se tornar um foco na vida da arquiteta rio-pretense Maria de Paula Barbeiro, 34 anos.
Nenhuma árvore derrubada, sem queima de terra, uso de cimento ou de petróleo e seus derivados. Esse é o projeto de casa de Maria de Paula e essa é sua visão de um mundo melhor. E por isso é a personagem de Dê Bom Exemplo desta semana.
Formada há cinco anos em arquitetura, seu primeiro e principal desafio foi construir uma casa ecologicamente correta, no Jardim Yolanda, que estivesse dentro do que existe de mais correto em reutilização de materiais e sustentabilidade.
O sistema de construção dela é com abodes, que são tijolos de terra crua, água e palha. É considerado o antecedente histórico do tijolo.
“Foram usados em Ouro Preto, Tiradentes e Pirinópolis [cidades históricas de Minas Gerais e Goiás]. São excelentes.”
“Foram usados em Ouro Preto, Tiradentes e Pirinópolis [cidades históricas de Minas Gerais e Goiás]. São excelentes.”
Tesouros
Mas é claro que as mudanças não param por aí. Toda a estrutura é de madeira de eucalipto reaproveitada de postes de energia elétrica, que não tinham mais finalidade. No máximo iriam se tornar lenha em algum forno.
Janelas, portas e até móveis são de madeira de demolição. Assim como os azulejos. “A proposta é reaproveitar tudo que for possível. Encontro verdadeiros tesouros em demolições.”
Caiada
No lugar de tinta, produto altamente químico, a casa de Maria de Paula é caiada.
“Existe certo preconceito, mas o cal é o produto mais ecológico que existe, e não agride em nada o meio ambiente e é antibactericida”.
“Existe certo preconceito, mas o cal é o produto mais ecológico que existe, e não agride em nada o meio ambiente e é antibactericida”.
Ela pintou a casa há cinco anos e diz que agora está na hora de dar uma recuperada. Em projetos que os clientes não aceitam o cal, ela tenta introduzir tinta a base de silicato.
“Também é muito melhor do que tinta. Tem sido usada por grande empresas.”
“Também é muito melhor do que tinta. Tem sido usada por grande empresas.”
Telhado vivo
No lugar de telhas, a arquiteta decidiu montar um telhado vivo. Funciona como um isolante natural de temperatura e que absorve a água das chuvas.
“No frio a casa se mentém aconchegante e no calor, é fresca”. Nos cinco anos que mora na casa ecológica, Maria de Paula nunca precisou de ar-condicionado.
“Até o ventilador desligo nas noites quentes. Dentro de casa há conforto térmico.”
Além do telhado vivo de sua casa, já fez mais quatro em casas de Rio Preto e São Paulo. Ela diz que tenta, aos poucos, introduzir conceitos de sustentabilidade em todos os projetos arquitetônicos que desenvolve.
A casa em si, tem custo até 20% menor do que uma tradicional. O telhado já fica até 30% mais caro do que o feito em telhas. “Não se trata de custos. São valores, é agir de acordo com aquilo que você acredita.”